Estrutura Sócio Económica
A estrutura sócio económica do concelho de Moura, por motivos de vária ordem, desde a localização geográfica, estratégias políticas e modelos de agricultura, assentou tradicionalmente sobre o setor primário.
Nas últimas décadas, verificou-se um decréscimo da população ativa desse setor para o reforço do setor terciário, devido à intervenção da administração pública, dos serviços financeiros, de serviços relacionados com as atividades relacionadas com a saúde humana e o apoio social, onde se incluem as respostas e equipamentos sociais, ensino, comércio e restauração.
O aumento do envelhecimento populacional reforça o emprego nas entidades que prestam serviços de apoio à população idosa (lar, centro de dia e apoio domiciliário) que se tornaram no segundo maior empregador do concelho, a seguir à autarquia, considerando que se está num meio marcado pelo fraco tecido empresarial.
No gráfico seguinte apresenta-se a distribuição das empresas não financeiras por setor de atividade, na região do Baixo Alentejo, verificando-se que o setor da saúde humana e apoio social representa, no Baixo Alentejo, 5,3% das empresas não financeiras existentes na região no ano de 2020.
A população ativa, com 15 ou mais anos segundo os Censos de 2021 nos concelhos, na região do Baixo Alentejo, Alentejo e no país, apresenta-se no quadro abaixo.
Segundo dados da Pordata, em 2022, o número de desempregados inscritos no IEFP no concelho de Moura representava 10,4% da população. Ao nível da totalidade do país o valor era de 4,6%.
Mais recentemente, segundo dados do IEFP, em fevereiro de 2024, existiam 973 pessoas à procura de emprego no concelho de Moura, existindo mais mulheres (525) do que homens (448).
Indústria
A produção industrial no concelho de Moura encontra-se apoiada no sector primário, uma vez que as indústrias que atualmente contribuem para a dinamização da atividade económica se encontram ligadas à transformação de produtos agrícolas e associados. De entre esses produtos destaca-se o azeite, a azeitona de conserva, o vinho, o pão, a doçaria, os enchidos e o queijo. As indústrias agroalimentares são portanto as mais expressivas e aquelas que mais contribuem para a economia local, embora se caracterizem por unidades de pequena escala e de estrutura familiar. Apesar da importância destas indústrias, o sector secundário assume um peso menor na estrutura económica do concelho.
Existe uma zona industrial na cidade (UP1), onde estão em fase de conclusão as obras de requalificação do espaço público. E, estão mais três zonas em fase de estudo e/ou projeto: Safara, Amareleja e Sto. Amador. Atualmente, as principais indústrias situam-se nos sectores de “oficinas-auto”, “agroalimentares” (azeite, águas e industria de panificação), “construção civil e armazenamento de materiais”. Na zona industrial de Moura, estão instaladas cerca de 35 empresas. Por forma a maximizar as oportunidades de interação entre os diferentes agentes, o município de Moura criou na cidade o Tecnopólo de Moura que pretende ser um instrumento de desenvolvimento científico, tecnológico e, simultaneamente, de desenvolvimento regional e urbano, com vista à sustentação de um clima favorável à inovação, à competitividade, ao emprego e à instalação de empresas de base tecnológica, especialmente relacionadas com as energias renováveis.
Para além da fileira industrial das energias renováveis, o Tecnopólo de Moura prevê integrar outras cadeias de valor no futuro, como sejam os sectores agroindustrial e do turismo. O Tecnopólo abarca também, para além da valência industrial associada às energias renováveis, um pólo científico, tecnológico e de inovação que pretende ser um instrumento de desenvolvimento regional.
O concelho de Moura aposta na produção de energia elétrica, com recurso à utilização do sol como fonte de energia primária, através da instalação de uma Central Solar Fotovoltaica, cuja produção se destina a ser injetada na rede elétrica pública na sua totalidade.
A Central Solar Fotovoltaica de Amareleja destaca-se pelo facto de ter constituído o maior projeto do género a nível mundial. Este projeto já captou diversos investimentos para a região de Moura, bem como a possibilidade de execução de alguns projetos relevantes, como sejam:
- Criação de um Centro de Investigação em energias solares, novos materiais e hidrogénio;
- Implementação de dois cursos na Escola Profissional de Moura, diretamente relacionados com a fileira industrial solar fotovoltaica, os quais foram reconhecidos pelo Ministério da Educação;
- A instalação de uma Fábrica de módulos e de painéis fotovoltaicos;
- Criação de um laboratório de referência no âmbito das energias renováveis para uso da comunidade empresarial e científica.
Pode considerar-se que a indústria tanto na atualidade, como sobretudo no futuro, constituiu um importante sector de criação de emprego no concelho.
Construção Civil e Obras Públicas
O sector da construção tem um peso considerável na dinamização da economia do concelho, embora atualmente atravesse um período de alguma estagnação decorrente da crise económico-financeira global.
A nível da construção civil e obras públicas, os investimentos de maior vulto realizados nos últimos anos no concelho dizem respeito às empreitadas de abastecimento de água e de saneamento, às empreitadas de requalificação urbana e patrimonial, ao Empreendimento de Alqueva e à Central Fotovoltaica de Amareleja.
No contexto atual é esperado o desenvolvimento do sector secundário através das indústrias tecnológicas e agroalimentares, o comércio, os serviços de logística, a gestão, a restauração e os serviços de distribuição e retalho. É igualmente esperada a potenciação do sector social.
Comércio
A tendência de terciarização da economia no concelho de Moura tem conduzido ao crescimento das atividades ligadas ao comércio. É precisamente neste tipo de atividade que se centraliza o maior número de empresas, correspondente à mais alta percentagem concelhia. O comércio por grosso e a retalho (reparação de veículos automóveis, motociclos e bens de uso pessoal e doméstico) evidencia-se das restantes atividades terciárias.
É evidente também a importância das empresas comerciais ligadas aos estabelecimentos de géneros alimentícios e bebidas (cafés, pastelarias e mercearias). Embora de pequena dimensão e com uma gestão familiar, estes são responsáveis pelo maior volume de emprego no concelho, com uma média de um a dois trabalhadores.
Agricultura, pecuária e silvicultura
A base económica do concelho é fortemente tributária do sector primário, com cerca de 30% das empresas a concentrarem-se em atividades ligadas à agricultura, à silvicultura e à caça.
De entre as culturas predominantes encontram-se as arvenses com domínio do trigo e também algumas forragens, pastagens e pousios. Com menor expressão surgem algumas culturas associadas à região, como o grão-de-bico, a fava, a ervilha, a tremocilha, o tomate e o melão.
O olival é claramente a ocupação predominante no concelho. Dele derivam produtos com grande significado económico e também social, como o azeite. A sua ligação à região de Moura remonta a tempos longínquos, sendo possível encontrar ainda hoje oliveiras milenárias pela sua paisagem. Das espécies florestais existentes, a azinheira encontra-se em clara evidencia relativamente às restantes.
A pecuária mantém alguma expressão na região devido ao predomínio do gado com aptidão para a produção de carne, nomeadamente gado ovino e bovino. O caprino também surge embora se encontre normalmente em terras mais marginais. O porco de montanheira, outrora de grande valor económico, tem perdido alguma da sua importância sobretudo por motivos sanitários.