Economia

Estrutura do Mercado de Trabalho

Tendo em conta a taxa de atividade do Baixo Alentejo no período compreendido entre os anos de 2001 e 2011, verifica-se um aumento que se deve sobretudo a um aumento da empregabilidade das mulheres na ordem dos 6,2%. No entanto, o género masculino, embora apresente uma diminuição da taxa de atividade, continua a apresentar maior percentagem de população ativa. O quadro seguinte mostra a taxa de população ativa no Baixo Alentejo e no concelho de Moura.

População residente economicamente ativa e empregada

Através da análise da tabela verifica-se que a situação do concelho em termos globais apresenta valores inferiores à média registada no Baixo Alentejo e se analisarmos a situação do concelho de Moura relativamente ao Alentejo na sua globalidade a realidade em termos de empregabilidade também não é muito animadora, como se pode observar pelo quadro seguinte.

População residente economicamente ativa e empregada, segundo o sexo
e o ramo de atividade e taxas de atividade

Taxa de Desemprego

De uma forma genérica, podemos concluir que a situação do concelho de Moura é em tudo muito similar ao que se verifica no Alentejo, resultado da conjuntura existente no país, aliado ao baixo nível de escolaridade da população.


Sectores de atividade

Uma das principais motivações para o comportamento demográfico que se verifica no concelho de Moura reside na sua localização socioeconómica de cariz periférico no contexto do Alentejo, uma das unidades territoriais mais pobres no espaço nacional e europeu. Face à inexistência de empregos que fixem a população ativa no concelho e perante um fenómeno de desemprego endémico, esta tende a emigrar perpetuando um crescimento migratório negativo.

O tecido económico do concelho de Moura caracteriza-se por uma grande fragilidade estrutural, aliando um sector primário importante mas pouco rentável, a um sector secundário quase inexistente e a um sector terciário predominante, mas com localização centralizada na sede de concelho. Estas debilidades encontram reflexo no rendimento per capita do Baixo Alentejo, um dos mais baixos da União Europeia.

Taxa de emprego em 2011 por setores de atividade

 Em 1981, o sector primário era reconhecidamente a principal fonte de emprego no concelho atingindo valores na ordem dos 47,2%, correspondente a cerca de metade dos postos de trabalho existentes. Uma década mais tarde, este valor sofreu um acentuado decréscimo, situando-se nos 32,8%. Em 2001 este valor sofreu um decréscimo ainda mais acentuado, situando-se nos 19,8% e em 2011 voltou a descer, fixando-se nos 17,48%. Trata-se assim de um sector em regressão, com perda de mão-de-obra. Esta situação resulta em larga medida das fracas potencialidades dos solos e das características da atividade agrícola do concelho de Moura, num mercado aberto e competitivo que emergiu da adesão de Portugal à União Europeia.

A quebra da importância do sector primário na ocupação da população residente, contrasta com o aumento do setor terciário, devido a um crescimento das atividades mais diretamente relacionadas com o consumo, designadamente o comércio, bem como dos serviços de apoio à população (a destacar as áreas da educação, idosos, saúde e administração pública).

O tecido empresarial do concelho de Moura, é constituído (segundo I.N.E.) por 1629 empresas distribuídas pelos três sectores de atividade. No entanto, o maior número de empresas implantadas pertence ao sector terciário, seguindo-se o sector primário e, por último, o sector secundário.

N.º Empresas com sede no concelho de moura

Empresas com sede no concelho de Moura, Atividade económica (Divisão – CAE Rev. 3)

O sector terciário reparte-se pelos subsectores de atividade, dos quais os que apresentam maior número de empresas com implantação no concelho são: o comércio por grosso e a retalho, oficinas de reparação de veículos e alojamento e restauração.

Empresas (N.º) por Localização geográfica e Escalão de pessoal ao serviço – Anual

  

Indicadores do mercado de trabalho do Concelho de Moura, Baixo Alentejo e Portugal


Turismo

O turismo assume-se como importante fator gerador de riqueza, e uma atividade capaz de contribuir para o desenvolvimento de economias deprimidas, nomeadamente através do aproveitamento de recursos endógenos. No concelho de Moura, o turismo desenvolve-se com base em sinergias estabelecidas entre áreas distintas de cariz tradicional e assentes precisamente no potencial endógeno da região.

Dos diferentes segmentos do turismo, o turismo em espaço rural é aquele que assume maior expressão na região. No concelho de Moura, o turismo em espaço rural desenvolve-se através de unidades de turismo rural e de agro turismo.

No conjunto, estas unidades podem ser entendidas como um contributo significativo para o desenvolvimento económico e social do concelho, para a otimização dos recursos existentes, para a proteção e a conservação do ambiente rural, para a possibilidade de interação com a cultura local e as suas tradições, e para a oportunidade de intercâmbio com novas culturas.

Os visitantes tendem a constituir uma clientela genuinamente interessada nos valores da região. Entre estes valores destaca-se o artesanato, a gastronomia e doçaria, as festividades, os percursos associados ao património histórico-cultural, arquitetónico e natural.


Indústria

A produção industrial no concelho de Moura encontra-se apoiada no sector primário, uma vez que as indústrias que atualmente contribuem para a dinamização da atividade económica se encontram ligadas à transformação de produtos agrícolas e associados. De entre esses produtos destaca-se o azeite, a azeitona de conserva, o vinho, o pão, a doçaria, os enchidos e o queijo. As indústrias agroalimentares são portanto as mais expressivas e aquelas que mais contribuem para a economia local, embora se caracterizem por unidades de pequena escala e de estrutura familiar. Apesar da importância destas indústrias, o sector secundário assume um peso menor na estrutura económica do concelho.

Existe uma zona industrial na cidade (UP1), onde estão em fase de conclusão as obras de requalificação do espaço público. E, estão mais três zonas em fase de estudo e/ou projeto: Safara, Amareleja e Sto. Amador. Atualmente, as principais indústrias situam-se nos sectores de “oficinas-auto”, “agroalimentares” (azeite, águas e industria de panificação), “construção civil e armazenamento de materiais”. Na zona industrial de Moura, estão instaladas cerca de 35 empresas. Por forma a maximizar as oportunidades de interação entre os diferentes agentes, o município de Moura criou na cidade o Tecnopólo de Moura que pretende ser um instrumento de desenvolvimento científico, tecnológico e, simultaneamente, de desenvolvimento regional e urbano, com vista à sustentação de um clima favorável à inovação, à competitividade, ao emprego e à instalação de empresas de base tecnológica, especialmente relacionadas com as energias renováveis.

Para além da fileira industrial das energias renováveis, o Tecnopólo de Moura prevê integrar outras cadeias de valor no futuro, como sejam os sectores agroindustrial e do turismo. O Tecnopólo abarca também, para além da valência industrial associada às energias renováveis, um pólo científico, tecnológico e de inovação que pretende ser um instrumento de desenvolvimento regional.

O concelho de Moura aposta na produção de energia elétrica, com recurso à utilização do sol como fonte de energia primária, através da instalação de uma Central Solar Fotovoltaica, cuja produção se destina a ser injetada na rede elétrica pública na sua totalidade.

A Central Solar Fotovoltaica de Amareleja destaca-se pelo facto de ter constituído o maior projeto do género a nível mundial. Este projeto já captou diversos investimentos para a região de Moura, bem como a possibilidade de execução de alguns projetos relevantes, como sejam:

  • Criação de um Centro de Investigação em energias solares, novos materiais e hidrogénio;
  • Implementação de dois cursos na Escola Profissional de Moura, diretamente relacionados com a fileira industrial solar fotovoltaica, os quais foram reconhecidos pelo Ministério da Educação;
  • A instalação de uma Fábrica de módulos e de painéis fotovoltaicos;
  • Criação de um laboratório de referência no âmbito das energias renováveis para uso da comunidade empresarial e científica.

Pode considerar-se que a indústria tanto na atualidade, como sobretudo no futuro, constituiu um importante sector de criação de emprego no concelho.


Construção Civil e Obras Públicas

O sector da construção tem um peso considerável na dinamização da economia do concelho, embora atualmente atravesse um período de alguma estagnação decorrente da crise económico-financeira global.

A nível da construção civil e obras públicas, os investimentos de maior vulto realizados nos últimos anos no concelho dizem respeito às empreitadas de abastecimento de água e de saneamento, às empreitadas de requalificação urbana e patrimonial, ao Empreendimento de Alqueva e à Central Fotovoltaica de Amareleja.

No contexto atual é esperado o desenvolvimento do sector secundário através das indústrias tecnológicas e agroalimentares, o comércio, os serviços de logística, a gestão, a restauração e os serviços de distribuição e retalho. É igualmente esperada a potenciação do sector social.


Comércio

A tendência de terciarização da economia no concelho de Moura tem conduzido ao crescimento das atividades ligadas ao comércio. É precisamente neste tipo de atividade que se centraliza o maior número de empresas, correspondente à mais alta percentagem concelhia. O comércio por grosso e a retalho (reparação de veículos automóveis, motociclos e bens de uso pessoal e doméstico) evidencia-se das restantes atividades terciárias.

É evidente também a importância das empresas comerciais ligadas aos estabelecimentos de géneros alimentícios e bebidas (cafés, pastelarias e mercearias). Embora de pequena dimensão e com uma gestão familiar, estes são responsáveis pelo maior volume de emprego no concelho, com uma média de um a dois trabalhadores.


Agricultura, pecuária e silvicultura

A base económica do concelho é fortemente tributária do sector primário, com cerca de 30% das empresas a concentrarem-se em atividades ligadas à agricultura, à silvicultura e à caça.

De entre as culturas predominantes encontram-se as arvenses com domínio do trigo e também algumas forragens, pastagens e pousios. Com menor expressão surgem algumas culturas associadas à região, como o grão-de-bico, a fava, a ervilha, a tremocilha, o tomate e o melão.

O olival é claramente a ocupação predominante no concelho. Dele derivam produtos com grande significado económico e também social, como o azeite. A sua ligação à região de Moura remonta a tempos longínquos, sendo possível encontrar ainda hoje oliveiras milenárias pela sua paisagem. Das espécies florestais existentes, a azinheira encontra-se em clara evidencia relativamente às restantes.

A pecuária mantém alguma expressão na região devido ao predomínio do gado com aptidão para a produção de carne, nomeadamente gado ovino e bovino. O caprino também surge embora se encontre normalmente em terras mais marginais. O porco de montanheira, outrora de grande valor económico, tem perdido alguma da sua importância sobretudo por motivos sanitários.